Movimento de luz

Pegando um pouco por onde fiquei ontem, quero mostrar-vos duas fotografias (sim, apenas duas) que tirei numa certa noite deste verão que passou.

Antes de ir de férias, tinha elaborado uma pequena lista de objectivos fotográficos para as duas semanas que ia estar de férias. Alguns desses objectivos vocês já conhecem, era fotografar sítios novos, coisas novas, cultura nova, blá blá blá... Mas um deles, e talvez o mais importante a nível técnico, era tirar uma fotografia nocturna diferente e por a prova as minhas capacidades. Meti na cabeça que queria uma foto da minha autoria onde fica-se registado a rotação do planeta. Para alguns fins técnicos tão específicos ser fotografo e ter uma boa camera só não chega, seria preciso alguns equipamentos complementares e alguns conhecimentos de fotografia mais profundos.

Primeiro aspecto que tive em atenção, o sítio, eu moro numa cidade rodeada de outras cidades cuja a poluição luminosa é assustadora e é me impossível ver estrelas, sem estrelas a minha fotografia não ia registar a rotação do planeta. Este foi motivo que me levou a esperar pelas férias, precisava de um local pouco habitado com um céu minimamente estrelado e a semana que ia passar em Águas Belas ( concelho Ferreira do Zêzere) era o ideal.

Segundo aspecto, para registar movimento, é necessário alongar a exposição da fotografia, ou seja, deixar a máquina a registar o espaço durante algum tempo, o que se decidir que será necessário consoante a finalidade, e convém não mexer na camera para não adicionar acidentalmente falsos tremeliques na fotografia. Aqui surgem dois problemas, o primeiro é que para o efeito eu teria de deixar a máquina a fotografar pelo menos 1min e qualquer coisa, mas o tempo máximo de exposição que ela permite é só 30sg. O segundo problema, deixar a máquina sossegadinha na posição e altura certa e virada para o céu, é claro que este foi fácil de resolver porque nos dias de hoje qualquer um tem um tripé, e eu tenho um que todo aberto é maior que eu, por isso foi canja! Resolver o primeiro é que já foi mais trabalhoso, tive de comprar um controlador remoto, um pequeno comandozinho com apenas um botão minúsculo que substitui o obturador à distancia. Felizmente, para controlador remoto a camera permite um tempo de exposição infinito, ou pelo menos até a bateria ir à vida, resolvendo o problema do tempo.


Um conselho para quem ama selfies - comprem um!! Comprem e acaba-se o reinado das fotografias tiradas frente ao espelho na casa de banho....


Já sem qualquer empecilho técnico e no sitio certo, escolhi uma noite, montei o tripé no alpendre, ajustei as definições da máquina, sentei-me numa cadeira de praia e carreguei no botãozinho. A primeira foto teve uma exposição de 299,0seg, aproximadamente 5min. Queria ver a fotografia com este tempo para ter a certeza que tinha a máquina devidamente calibrada para o efeito, e depois de ver a fotografia que tirei e sem mexer nas definições dei ordem para a camera iniciar a próxima foto, esta sem tempo definido para terminar.

Enquanto estava ali sentada à espera da fotografia a olhar para as estrelas, perdi a noção do tempo, fui negligente ao não ter um relógio à mão para controlar a exposição, e quando achei que já tinha passado 10 ou 15min voltei a carregar no botãozinho do comando para a parar. A camera demorou para aí uns 5min a deixar me ver a fotografia, mas quando finalmente a vi, quase que chorei. Estava perfeita... Para uma primeira experiência claro. E fiquei estupefacta, quando vi o tamanho da minha falta de noção de tempo, 1405,0seg, aproximadamente 24min!!!



Primeira foto - 299,0seg

Segunda foto - 1405,0seg



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